Nota Técnica 2018 – Switch para DTG
Ministério da Saúde (MS) divulga recomendações para substituição (switch) dos esquemas de terapia antirretroviral em pacientes virologicamente suprimidos.
No Brasil, a terapia antirretroviral é oferecida a todas as pessoas vivendo com HIV (PVHIV) independente do nível de CD4 ou carga viral inicial. O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) mais recente recomenda que, para os casos de início de tratamento, o esquema inicial preferencial deve ser composto por uma dose única diária da associação de dois ITRN/ITRNt* – lamivudina 300mg (3TC) e tenofovir 300mg (TDF) – associados ao inibidor de integrase (INI) – dolutegravir 50mg (DTG).1
O dolutegravir passou a ser disponibilizado gratuitamente no Sistema Único de Saúde a partir de 2017 com recomendação até então para novos casos de infecção pelo HIV e casos de pacientes em falha virológica com outros antirretrovirais.2
Recentemente, o Departamento de vigilância, prevenção e controle das IST, do HIV/AIDS e das hepatites virais (DIAHV/SVS/MS) publicou recomendações que ampliam o uso de DTG no SUS, possibilitando a substituição (switch) de esquemas antirretrovirais em pacientes virologicamente suprimidos.3
Segundo as novas recomendações, esquemas contendo ITRNN** ou IP/rT poderão ser substituídos por DTG em PVHIV virologicamente estáveis uma vez que, o início da TARV com DTG apresenta taxas superiores de supressão viral e menor risco de descontinuação de uso devido a eventos adversos.3
A troca da TARV para esquemas com DTG poderá ocorrer em situações em que há vantagens quanto à melhora de efeitos adversos, melhora da adesão, menos interações medicamentosas ou possibilidade de uso em determinadas comorbidades em relação ao esquema antirretroviral atual do paciente.3
Dentre as recomendações e os critérios necessários para a substituição dos esquemas deve-se considerar:
1. Avaliação individualizada e criteriosa da necessidade e dos benefícios envolvidos na substituição. ± |
2. PVHIV >12 anos de idade. |
3. PVHIV em TARV com supressão viral (CV-HIV < 50 cópias/mL) nos últimos 6 meses. |
4. PVHIV em uso de esquemas com efavirenz (EFV) ou nevirapina (NVP), sem falha virológica. |
5. PVHIV em uso de esquemas com atazanavir/ritonavr (ATV/r) ou darunavir/ritonavir (DRV/r) ou lopinavir/ ritonavir (LPV/r), sem falha virológica prévia. |
Adaptado a partir da referência 3.
A avaliação de riscos e benefícios, porém, deve levar em consideração que a substituição da TARV pode expor a PVHIV a efeitos adversos desnecessários e além disso, a decisão quanto a troca (switch) deve sempre que possível ser realizada em conjunto com a PVHIV, respeitando-se a autonomia do indivíduo.3
A nota técnica não recomenda a substituição do esquema da TARV para dolutegravir nas seguintes situações:
- PVHIV com CV-HIV detectável;
- PVHIV em abandono de tratamento;
- Crianças menores de 12 anos;
- Gestantes;
- Uso de rifampicina (PVHIV em tratamento para tuberculose ou em profilaxia para ILTB);
- Uso concomitante de carbamazepina, oxicarbamazepina, fenitobarbital ou fenitoína.
Para acesso às recomendações na íntegra, clique aqui.
* ITRN/ITRNt: inibidor da transcriptase reversa análogo de nucleosídeo/ inibidor da transcriptase reversa análogo de nucleotídeo
** ITRNN: inibidor da transcriptase reversa não análogo de nucleosídeo
Τ IP/r: inibidor de protease/ritonavir
± Uma vez que pode expor a PVHIV a eventos adversos desnecessários