
Introdução
A infecção do trato urinário (ITU) é definida pela presença de bactérias na urina, tendo como mínimo definido para o diagnóstico a existência de 100.000 unidades formadoras de colônias bacterianas por mililitro de urina (ufc/mL). É uma das causas mais comuns de infecção na população geral, mas ocorrendo mais frequentemente ocorre em crianças. Estima-se que 8% das meninas e 2% dos meninos apresentarão, pelo menos, um episódio de ITU até os 7 anos de idade, havendo recorrência dentro de um ano em 12-30% desses casos1,2.
Os casos pediátricos podem se apresentar de forma variada e inespecífica. As crianças menores podem apresentar sepse, febre ou mesmo outros sintomas, enquanto que as maiores podem se queixar de disúria, aumento da frequência urinária e dor lombar. Essa diversidade dificulta a detecção e o diagnóstico a ITU, resultando algumas vezes em danos renais e até perda da função deste órgão1.
A maioria das infecções urinárias é causada por bactérias Gram-negativas, dentre as quais a Escherichia coli é a mais comum, sendo responsável por mais de 75% dos casos. Outros patógenos que podem estar envolvidos são: Proteus, Klebsiella, Enterobacter, Citrobacter, Enterococcus e Staphylococcus saprophyticus. Também existem casos de ITU de origem fúngica, provocada, por exemplo, por Candida albicans, casos esses que geralmente coincidem com quadros de uso recente de antibióticos, cateterismo urinário ou imunossupressão1.
O diagnóstico de ITU é feito pela combinação de avaliação clínica ao exame de cultura de urina1, e o tratamento varia conforme a infecção em si, considerando quadro clínico, agente infeccioso e paciente. Entretanto, para qualquer situação, a estratégia mais indicada é que a terapêutica maximize o benefício do tratamento e reduza custos, incidência de eventos adversos e surgimento de micro-organismos resistentes2.
Cefuroxima no tratamento de infecções urinárias
A axetilcefuroxima é uma cefalosporina de segunda geração rapidamente hidrolisada em seu componente ativo, cefuroxima. Ela apresenta boa atividade e amplo espectro de ação para o tratamento de diversas infecções, incluindo ação comprovada no tratamento de infecções do trato urinário em adultos e crianças na ausência de complicações urológicas3-6.
A cefuroxima age sobre um grande número de microrganismos Gram-positivos e Gram-negativos
por meio da inibição da síntese da parede celular, devido à sua ligação a proteínas-alvo5; também está associada à baixa incidência de eventos adversos, que, quando presentes, há predominância os distúrbios gastrointestinais3.
Existem estudos de diferentes regiões do mundo que identifi caram a resistência antimicrobiana de agentes causadores de ITUs aos medicamentos utilizados nesses cenários.7-9
Um estudo chileno, pela avaliação de 11 hospitais do país, identificou que, nas amostras analisadas, a E. coli era a bactéria mais frequente, isolada em 74% dos casos. Do perfil detectado da E. coli, pode-se destacar, dentre outros, a resistência à ampicilina (65% dos casos), ao sulfametoxazol-trimetoprima – SMZ-TMP (43%) e à ceftriaxona (19%). Para a cefuroxima, a E. coli apresentou resistência em apenas 2,5% dos casos7.
Outro estudo, realizado em Israel, comparou os micro-organismos causadores de ITUs detectados em crianças no ano de 1991 com aqueles encontrados em 1999. Em ambos os grupos, a E. coli foi o agente mais frequente, existindo em 86% e 82% dos casos, respectivamente. Com relação à resistência aos antibióticos, em 1999 a E. coli se apresentou resistente à ampicilina (70%), cefalexina (37%), SMZ-TMP (31%), dentre outros. Em apenas 5% dos casos foi verifi cada a resistência à cefuroxima8.
Em um estudo brasileiro, de Guidoni et al., foi observada a presença de E. coli em 77% das amostras de urina de crianças com ITU. Este estudo detectou também a alta prevalência de resistência dessa bactéria contra ampicilina e SMZ-TMP, enquanto que, para a cefuroxima, a resistência foi de apenas 7%9. Os resultados de resistência antimicrobiana podem ser observados no gráfico 1.
Em resumo, pode-se apontar que: (1) a cefuroxima tem eficácia comprovada para o tratamento
de ITU em adultos e crianças; (2) apresenta um bom perfil de tolerabilidade, sendo que a maior
parte dos eventos adversos relatados foram de grau leve a moderado, envolvendo, em sua maioria, distúrbios gastrointestinais que cessam após a suspensão do tratamento; e (3) mesmo cepas de E. coli resistentes a demais medicamentos apresentaram suscetibilidade à cefuroxima em até 93%8,10.
Posologia
Zinnat® (axetilcefuroxima) é apresentado em duas formas: (i) comprimidos revestidos contendo 250 mg ou 500 mg de cefuroxima; e (ii) pó para suspensão oral (frasco ou sachê). A dose usual recomendada é de 250 mg, 2 vezes ao dia. Em caso de necessidade de dose menor que 250 mg ou dificuldade de deglutição, recomenda-se a prescrição de Zinnat® pó para suspensão oral. A terapia usual é de sete dias, podendo variar de cinco a 10 dias. A Tabela 1 apresenta a posologia usual de Zinnat® para tratamento de infecções urinárias11.


REAÇÕES ADVERSAS: cefaleia, vertigem, distúrbio gastrintestinal e rash cutâneo11.
ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES: atenção aos casos prévios de hipersensibilidade às cefalosporinas, penicilinas e outros betalactâmicos. A utilização prolongada pode resultar no crescimento de micro-organismos não sensíveis (como Enterococci e Clostridium difficile)11.