Fenotipagem da asma grave
…porque um único tipo não se encaixa a todos
Existe uma variedade de subtipos de asma que se alinham com diferenças nos processos de doença. A avaliação do histórico dos casos clínicos, testes específicos e tratamentos direcionados sempre foram fatores de diagnóstico e tratamento adequados da asma grave. Nos últimos anos, observou-se um interesse crescente na classificação de subtipos de asma grave, ou fenotipagem, particularmente com o advento de biomarcadores de diagnóstico e novos tratamentos direcionados.1
A fenotipagem na asma grave pode levar a melhores resultados no tratamento, porque ela permite aos médicos a adaptação da terapia à causa subjacente da doença de um paciente.2
O que é um fenótipo?
A caracterização da heterogeneidade deu origem ao conceito de fenótipos distintos na asma grave. 2,3
Um fenótipo é definido como:
“As características conjuntas e observáveis de um organismo, resultantes da interação entre suas características genéticas e fatores ambientais, que são relativamente estáveis, mas não invariáveis, com o tempo.2”
O conceito de fenótipos em asma grave está ganhando ampla aceitação e muitos médicos consideram-na a chave para o futuro da prevenção e tratamento da doença.4
A fenotipagem combina características biológicas e clínicas que podem ser observadas ou avaliadas, tais como características morfológicas, funcionais e orientadas para o paciente.1,3 Embora fenótipos não necessariamente se relacionem com os mecanismos subjacentes de uma doença, eles podem destacar grupos de pacientes clinicamente reconhecíveis que serão como base para determinar processos moleculares subjacentes da doença. Isto é conhecido como endotipo, que se refere à identificação do mecanismo funcional ou patobiológico por trás da doença.5 O objetivo final da fenotipagem na asma grave é determinar os endotipos e, portanto, melhorar o tratamento, visando causas subjacentes específicas da doença.2
Identificação de fenótipos da asma grave
Historicamente, a asma foi dividida em fenótipos alérgicos e não alérgicos (também conhecidos como não atópicos e atópicos): 2,6,7
Comparação de histórico de fenótipos de asma
Asma não alérgica (anteriormente conhecida como asma intrínseca)8 |
Asma alérgica (também conhecida como asma extrínseca)8 |
Não parece estar associada à sensibilização alérgica; Os níveis séricos de IgE são baixos para o normal6 |
Está associada à alergia e caracterizada por altos níveis de IgE8 |
Muitas vezes começa mais tarde na vida8,9 |
Muitas vezes começa na infância8 |
Compreende 10-33% dos indivíduos com asma6 |
É o fenótipo mais comum de asma: aproximadamente dois terços dos pacientes com asma apresentam características alérgicas8 |
Pacientes têm histórico de comorbidades, como por exemplo: pólipos nasais, rinossinusite, doença de refluxo gastroesofágico6 |
Está associado ao aumento das comorbidades como rinite alérgica e dermatite alérgica9 |
É considerada mais grave do que a asma alérgica6 |
É provável que os pacientes apresentem variação sazonal dos sintomas em resposta à exposição ao alérgeno6,10 |
Não há histórico de alergia familiar6 |
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Tem predominância feminina6 |
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IgE, imunoglobulina E.
Outros fenótipos de asma grave foram identificados nos últimos anos. Atualmente existem fortes evidências de que a asma grave alérgica é caracterizada por alto níveis de IgE e a asma grave com inflamação eosinofílica é caracterizada por contagens elevadas de eosinófilos sanguíneos.1- 4,6,7,10 Também há evidências de fenótipos de asma grave adicionais, incluindo aqueles associados com inflamação neutrofílica ou relacionados a características físicas como obesidade ou idade.1
A fenotipagem tem sido abordada de várias maneiras e com diferentes análises que têm estudado combinações de características clínicas que se associam à asma ou que atuam como fatores desencadeantes, além de características patobiológicas, o que levou à constatação de que existem mais fenótipos do que se pensava anteriormente.3
Entendimento atual sobre os fenótipos de asma grave
Nosso entendimento atual dos fenótipos na asma grave é decorrente da integração de genética, biologia e características clínicas que foram descobertas através de abordagens orientadas por hipóteses e sem vieses.2,3
A compreensão futura dos fenótipos e, eventualmente, dos endotipos, exigirá a integração contínua de dados genéticos, biológicos e clínicos, o que deverá conduzir ao desenvolvimento de terapias específicas por fenótipo e molecularmente direcionadas.2,3